Nessa primeira parte, falarei do problema que é a obesidade. Na segunda parte, falarei mais sobre o tratamento atráves de dieta e exercícios fisioterápicos assistidos.
A obesidade é a forma mais comum de má nutrição de cães e gatos. Os proprietários
dificilmente a reconhecem como uma alteração clínica que possa
trazer graves conseqüências a seus animais, sendo capaz de
deteriorar funções corporais e prejudicar a saúde e o bem estar
animal. É necessário tratar a obesidade como qualquer outra
enfermidade.
As exigências
energéticas variam muito entre cães e gatos. Alguns precisam em
torno de 20% a mais ou a menos das quantidades recomendadas pelos
fabricantes de alimentos para animais. Nas raças sensíveis e nos
animais castrados, talvez seja importante fornecer cerca de 80% das
quantidades recomendadas inicialmente e, depois ajustar
progressivamente para que o animal mantenha uma boa condição
física, além de fornecer uma dieta adequada a condição.
A obesidade
trata-se de uma condição patológica caracterizada por um acúmulo
de gordura maior que o necessário para otimização das funções do
corpo, suficiente para deteriorá-las e prejudicar a boa saúde e o
bem-estar animal.
Pode-se chamar de
sobrepeso, quando se tem até 15% acima do peso ótimo, e de
obesidade, quando esse excesso ultrapassa esse valor, sendo fácil
observar cães com 50%, ou mais, acima do peso ideal. O principal
problema desses animais com sobrepeso é que os proprietários não o
reconhecem como um peso anormal. Estima-se que 25 a 35% dos cães e gatos estão acima do peso e, em alguns países, a prevalência atinge 40% dos animais de meia idade.
Obesidade é mais
comum em fêmeas do que em machos. Em decorrência da menor
concentração de hormônios androgênicos, as fêmeas têm menor
taxa metabólica basal, o que as predispõem ao aumento de peso.
Os
efeitos físicos de carregar um excesso de peso colaboram para o
aparecimento de problemas articulares e locomotores e para o
desenvolvimento de artrite, contribuindo para que o animal venha a
apresentar intolerância ao exercício. A complicação das injúrias
articulares conduz a uma redução de mobilidade e de gasto
energético podendo dar início a um ciclo causa-efeito-causa, que
piora, progressivamente, tanto a obesidade quanto a injúria
articular.
Cães com sobrepeso tem maior risco de desenvolver pancreatite, câncer de bexiga e de mama. Gatos obesos são propensos a diabetes melito, problemas musculoesqueléticos e claudicação, dermatite não alérgica, doença do trato urinário inferior e lipidose hepática.
Estudos mostram forte associação entre o excesso de gordura e a osteoartrite coxofemoral em cães com predisposição a displasia. Cães com restrição calórica apresentaram menor grau de displasia coxofemoral e ocorrência menor de osteoartrite na articulação coxofemoral e em outras articulações. Além disso, tais cães viveram por um período mais longo sem necessitar de tratamento para osteoartrite, sendo seu tempo de vida significativamente maior. A perda de peso em cães com sobrepeso, com evidências radiográficas de osteoartrite, está associada à redução significativa de claudicação. Indicando que a redução de peso melhora os sinais clínicos da osteoartrite.
A prevenção da obesidade é o objetivo principal da alimentação de cães e gatos. Sendo que o principal objetivo no tratamento da obesidade de cães e gatos é propiciar menor consumo diário de calorias pelo animal e/ou aumentar o seu gasto energético diário. Monitorar o progresso é fundamental, e devem ser agendadas reavaliações regulares.
Procure sempre a avaliação de um Médico Veterinário, somente ele é capaz de prescrever uma dieta adequada. Os exercícios fisioterápicos assistidos serão o assunto para a próxima postagem e, juntamente com a dieta auxiliam na perca de peso de forma ideal e sem prejudicar as articulações e o conforto geral do seu animal.
*Parte do trabalho de Pós-Graduação feito em grupo com Camila Borelli, Ramille Marques e Manuela Pinchemel, UNIP/IBRAVET. **Complementado com novos textos.
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