Fisioterapia
e Reabilitação é um campo que vem crescendo rápido na medicina
veterinária. Pacientes felinos na fisioterapia e reabilitação são ainda
em número menor quando comparado com os cães. Esta pode ser uma
consequência da falsa crença de que os gatos não são tratáveis com os
métodos tradicionais de fisioterapia por causa do seu comportamento.
Exame clínico e fisioterápico
Antes
de iniciar um programa de fisioterapia, um exame clínico completo deve
ser realizado. Não se deve iniciar um programa de reabilitação sem o
diagnóstico clínico. Convém salientar que mesmo o animal sendo
encaminhado por um clínico geral ou ortopedista, se faz necessário o
exame fisioterápico por parte do fisioterapeuta. Além disso, deve ser
dada atenção importante para o exame físico e métodos de imagem para
aprimorar ainda mais o diagnóstico.
- Condição
muscular geral, simetria e tônus: Gatos mais velhos ou gatos que foram
submetidos a tempo prolongado de imobilização, como gatos presos em
gaiolas e com movimentos restritos, muitas vezes mostram atrofia e
diminuição da força muscular. A massa muscular do gato pode ser medida
com o auxílio de uma fita métrica, mas é de grande importância que se
faça a medida de circunferência do membro sempre no mesmo local. Nos
casos de distúrbios neurológicos, o tônus muscular pode estar diminuído
ou aumentado. Espasmos musculares dolorosos que ocorrem secundariamente a
distúrbios ortopédicos e neurológicos podem também ser detectados
durante a avaliação.
- Amplitude
de movimento passivo das articulações: É o meio mais confortável que
uma articulação pode ser movida por meio de um fisioterapeuta sem
resistência ou sinais de desconforto. A amplitude de movimento pode ser
medida com um goniômetro.
Recomendações especiais quanto ao paciente felino na fisioterapia:
- Em geral, os gatos são menos tolerantes do que os cães e, portanto, é mais difícil de realizar exercícios com eles.
- Os
gatos são relativamente impacientes e ficam rapidamente entediados.
Portanto, o tempo de sessão deve ser o mais curto possível além de
oferecer uma maior variedade de atividades.
- As características comportamentais dos gatos, como jogar e caçar, podem ser usadas para desenvolver exercícios ativos.
- Nem
todos os tratamentos são tolerados por todos os gatos. Alguns gatos
gostam de eletroterapia ou tratamento de ultrassom, outros não.
Portanto, cada tratamento deve ser introduzido com cuidado para evitar
lesões no paciente e terapeuta.
- Alguns
gatos toleram a hidroterapia. No entanto, para a maioria dos gatos este
procedimento causa estresse elevado e deve ser utilizado apenas como
última opção.
Técnicas fisioterápicas
Massagem
A
massagem tem sido comprovada como uma modalidade de tratamento eficaz
em várias condições e é frequentemente recomendada para a reabilitação
de pequenos animais. Existem diferentes técnicas de massagem descritas
na literatura.
As
massagem são indicadas para a melhoria dos espasmos musculares
secundárias a lesões músculo-esqueléticas, aumentando o fluxo sanguíneo,
aumentando a elasticidade dos tendões e ligamentos, melhora
articulações e a função muscular, e evitar aderências do tecido após
cirurgia.
Uso de Calor *
É
útil nos casos de osteoartrite, dor devido a espondilartrose, lesões de
disco ou outras doença da coluna vertebral, espasmos musculares, e para
preservar tecidos, como músculos e tendões para o exercício.
Uso do Frio (Crioterapia)*
É
útil para diminuir a dor, edema e processo inflamatório após cirurgia e
exercícios e reduz o inchaço e dor aguda nos casos de osteoartrite, por
exemplo.
*Nunca
utilize as técnicas de calor ou frio sem recomendação veterinária,
visto que existem contra- indicações para tais casos e tempos superiores
ao recomendado podem causar queimaduras.
Ultrassom terapêutico
É
comumente usado para aquecimento de tecidos profundos para melhorar a
extensibilidade dos tecidos conjuntivos, para diminuir a dor e espasmos
musculares, e para promover a cicatrização dos tecidos e melhorar a
qualidade do tecido cicatricial.
No
modo contínuo há uma predominância dos efeitos térmicos, sendo
utilizado principalmente para aquecimento antes do alongamento do
tecido. No modo pulsado os efeitos térmicos são mínimos, mas pode
ocorrer uma variedade de efeitos com base na fase de reparação tecidual
incluindo aceleração do processo inflamatório, maior proliferação de
fibroblastos, resistência a tração etc.
É
indicado para aumento da temperatura antes do alongamento, diminuição
da dor, tratamento de tendinite calcificante e aceleração de processos
de cicatrização de feridas em geral.
Laser Terapêutico
Os
lasers terapêutico emitem, no máximo, 1mW (miliwatt) de energia;
portanto, seus efeitos são biomoduladores e não-térmicos. As reações
fotoquímicas geradas atuam no metabolismo celular. Podem ser utilizados
próximo a fase aguda por não produzirem aumento de temperatura.
Suas
principais indicações são cicatrização de feridas, tratamento de áreas
com inflamação e edema, cicatrização tendínea, alívio da dor, além do
tratamento de afecções osteoarticulares e lesões de nervo periférico.
Magnetoterapia
Geralmente
são utilizados campos magnéticos pulsáteis: onde a forma de energia é
obtida através de uma corrente elétrica que passa por um condutor em
espiral, criando o campo magnético ao redor.
Esta
terapia é indicada principalmente para tratamento de fraturas de
difícil união (podendo ser usado mesmo na presença de gesso e implantes
metálicos), pseudoartrose, artrodese que falharam, osteoartrose,
tendinites, periostites, feridas crônicas, dentre outras patologias.
Eletroterapia
É
uma modalidade fisioterápica útil e na maioria das vezes é possível em
gatos, na verdade, muitos gatos gostam dessa modalidade. Os seus dois
usos mais comuns utiliza a estimulação elétrica para fortalecimento
muscular e controle de dor.
É
indicado para controle de dor, melhoria de espasmos musculares,
prevenção de atrofia muscular e fortalecimento muscular em geral.
Exercícios terapêuticos
É
uma das partes mais importante no processo de reabilitação. O protocolo
do programa de reabilitação depende das necessidades de cada paciente e
deve assegurar que os exercícios podem ser realizados de forma segura
sem o risco de agravar os sintomas. Os exercícios devem ser selecionados
de acordo com a fase de reparação tecidual, e portanto, o
fisioterapeuta deve entender da patologia subjacente, do progresso
esperado e suas considerações biomecâmicas.
Geralmente
os exercícios terapêuticos tem diversas metas nestas se incluem:
melhoria da amplitude de movimento, aumento da massa muscular e força,
condicionamento e resistência, uso dos membros, melhoria coordenação e propriocepção e melhora do desempenho e função diária.
Os
exercícios mais comuns são a movimentação passiva, alongamento,
Exercícios isométricos, brincadeiras com laser, brinquedos diversos e
petiscos, exercícios de carrinho de mão e de dança.
Dentre
as patologias mais conhecidas que podem ser recomendadas o emprego da
fisioterapia se destacam a osteoartrite, controle da dor em geral (aguda
ou crônica), ruptura de ligamento cruzado cranial,
luxação de patela, displasia coxofemoral (principalmente nas raças
conhecidamente predispostas como o Maine Coon), doença do disco
intervertebral (hernia de disco), reabilitação ortopédica e neurológica,
não uniões ósseas, cicatrização de feridas, dentre outras. Além disso, a
fisioterapia pode ser aliada a exercícios em animais obesos para
emagrecimento e usada em animais idosos para melhorar a qualidade de
vida.
Cabe ressaltar que todo tratamento fisioterápico deve ser feito por profissionais habilitados visando o melhor protocolo para cada caso e observando com atenção as indicações e contra-indicações de cada método.
Hoje em dia, com o avanço na medicina veterinária e com a crescente especialização dos profissionais podemos dispor aos animais uma maior longevidade e qualidade de vida.
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